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No dia 14 de abril de 1912, o Titanic recebeu mensagens pelo
telégrafo durante todo o dia, alertando sobre icebergs flutuantes,
especialmente na região 42° Norte e entre 49° e 51° Oeste. O primeiro
aviso chegou às 9 horas. Depois disso, mensagens similares vieram de
vários navios, mas apenas alguns deles chegaram à cabine de comando. Por
volta das 21 horas, o Capitão Smith aconselhou-se brevemente com seu
Segundo Oficial, Charles H. Lightoller, antes de se retirar para dormir
em sua cabine. Ambos sabiam que em uma noite tão clara e sem lua, seria
extremamente difícil visualizar os icebergs. Por que eles não mudaram o
curso para a rota do sul, livre de icebergs, é um dos mistérios
inexplicados que envolvem o Titanic. Pode-se apenas presumir que o navio
deveria alcançar seu destino o mais rápido possível em sua viagem
inaugural. E como não havia icebergs à vista até aquele momento, o
luxuoso transatlântico manteve a velocidade.
Por volta das 21h40, mais alertas sobre icebergs foram recebidos, mas
eles não foram transmitidos aos oficiais. Os operadores dos telégrafos
passaram a noite enviando um grande número de telegramas particulares,
que se acumularam durante o dia.
Na confusão geral do tráfego de mensagens particulares, os alertas
sobre icebergs foram amplamente ignorados. Na verdade, o operador do
telégrafo que recebeu o último aviso ficou extremamente irritado com a
interrupção. Era evidente que os oficiais também não tinham experiência
suficiente para lidar com icebergs, e se contentavam com a informação
que chegava da torre de observação. No entanto, o vigia sequer tinha
binóculos, eles haviam se perdido em Southampton.
Às 23h40, os dois vigias da torre assustaram os oficiais quando começaram a gritar a mensagem alarmante “Iceberg bem à frente!”.
O Primeiro Oficial Murdoch teve menos de um minuto para reagir. Ele
decidiu parar o navio imediatamente e reverter os motores a todo vapor.
Dessa forma, ele evitou uma colisão frontal, mas foi impossível parar
completamente o navio, e a proa colidiu com o iceberg. Mais tarde,
Murdoch, que não sobreviveu à tragédia, foi duramente criticado por sua
decisão. De acordo com os analistas, a melhor escolha teria sido a
colisão frontal com o iceberg. Apesar da proa ter sido danificada, o
navio provavelmente não teria afundado.
Após a colisão, a primeira impressão da torre de comando é que eles
haviam tido sorte na manobra. Os poucos passageiros que ainda estavam
acordados praticamente nada notaram. Apenas poucas pessoas saíram para o
deck para ver o que havia acontecido. Mas quando ouviram que o navio
havia “apenas” arranhado um iceberg, eles voltaram para o conforto das
cabines e salas de convivência.
Lá embaixo, nas entranhas do navio, os efeitos da colisão com o
iceberg era mais visíveis. Os bombeiros e engenheiros ouviram o barulho
do choque e viram a água jorrando. A ordem era selar imediatamente as
escotilhas para cortar a corrente de ar para as fornalhas. Mas a sala de
correspondência já estava inundada quando o Capitão Smith e um
construtor naval investigaram a situação vinte minutos após a colisão. O
casco do navio era divido em 15 compartimentos impermeáveis, se apenas
quatro deles tivessem sido danificados, o navio teria conseguido
flutuar, mas cinco deles haviam sofrido danos. Como estes logo ficariam
cheios de água, inundando também os outros compartimentos, o Titanic
estava destinado a afundar. O construtor naval calculou que restava no
máximo uma hora para evacuar o navio. O Capitão Smith não perdeu tempo.
Ele sabia que no mínimo 1000 pessoas teriam que permanecer a bordo, já
que não havia botes salva-vidas suficientes para todos.
Por volta das 0h15, ele deu ordens para tirar a cobertura dos botes e
enviou um SOS. Esse sinal acabara de ser introduzido nas embarcações da
época, e o Titanic era um dos primeiros navios a usá-lo. Quando os
foguetes sinalizadores foram disparados, os passageiros perceberam que
algo terrível havia acontecido. Muitos haviam seguido as instruções e já
aguardavam no deck dos botes, vestindo coletes salva-vidas.
O acesso aos botes salva-vidas seguia uma regra geral simples:
mulheres e crianças primeiro, independente de suas posses. A bombordo, o
Segundo Oficial Lightoller coordenava o embarque nos botes; a
estibordo, ficava o Primeiro Oficial Murdoch.
Por volta das 0h25, o primeiro bote foi lançado, apesar de levar
apenas 28 passageiros da primeira classe, quando havia 65 assentos
disponíveis. Enquanto Lightoller teve que insistir em deixar apenas as
mulheres e crianças embarcarem primeiro, Murdoch estava tendo problemas
para convencer as pessoas a entrar nos botes. Inicialmente, muitas
pessoas ainda acreditavam que o Titanic era mais seguro. Algumas
senhoras de mais idade foram até obrigadas a entrar nos botes contra sua
vontade. Enquanto isso, cenas dramáticas aconteciam no deck. A
milionária Ida Straus se recusava a ser resgatada para, depois de um
longo casamento, ter que se separar de seu marido.
Outros homens, corajosamente, disseram adeus às suas famílias. Os
passageiros da terceira classe foram os últimos a saber da colisão.
Alguns só perceberam o desastre quando suas cabines já estavam
inundadas. Em pouco tempo, o caos tomava conta do Titanic.
Em apenas uma hora, 25 mil toneladas de água inundaram o navio. Por
volta da 1 hora, a proa já estava embaixo d’água. A banda de música
ainda tentou manter elevado o moral dos que estavam condenados à morte,
tocando animados ragtimes. Alguns passageiros pareciam ignorar o que
estava acontecendo. Na sala de fumantes da primeira classe, homens
jogavam baralho tranquilamente.
O herdeiro dos Guggenheim insistiu em vestir seu melhor traje de
noite, dizendo que ao menos preferia “morrer como um cavalheiro”. Por
volta da 1h30, quando a proa já estava totalmente submersa, as pessoas
mal conseguiam se manter em pé no deck inclinado. Alguns passageiros
tentaram pular dentro de um dos botes salva-vidas, quase lotado, mas
foram impedidos por tiros de advertência.
À 1h55, até o homem mais rico a bordo, John Jacob Astor, teve que
aceitar que seu dinheiro não valia mais nada. Ele levou sua esposa
grávida para um bote salva-vida e pediu permissão para embarcar com ela.
Mas o Oficial Lightoller foi irredutível: somente mulheres e
crianças. O bote finalmente foi lançado, com apenas dois terços de sua
capacidade.
De acordo com os sobreviventes, assim que todos os botes foram
baixados ao mar, uma estranha calma percorreu os decks. Às 2h15, a água
havia atingido o nível da primeira chaminé. Estalos e ruídos se
seguiram. A luz do navio começou a tremeluzir e finalmente se apagou. A
popa do navio se inclinou em um ângulo de 45 graus. O peso enorme e
crítico no ponto entre a terceira e a quarta chaminés foi o golpe de
misericórdia: o navio se partiu, logo abaixo da metade.
Puxada para dentro da água, a parte maior que restou elevou-se
novamente, a 75 metros de altura, e então o navio impossível de ser
afundado finalmente soçobrou.
Apesar de algumas centenas de lugares teoricamente estarem
disponíveis, as pessoas nos botes remaram para longe dos que gritavam
por ajuda dentro da água gélida, com medo de que os barcos ficassem
superlotados se muitas pessoas tentassem subir a bordo. Apenas o bote
salva-vidas número 4 retornou e recolheu cinco pessoas que flutuavam na
água, duas delas iriam morrer dentro do barco.
A essa altura, os próprios botes não estavam fora de perigo. Algumas
pessoas estavam feridas, e outras sofriam com o frio em roupas
inadequadas. Quando a ajuda chegaria? Quem iria resgatar as vítimas do
naufrágio?
O transatlântico mais próximo do Titanci era o navio da Cunard, o
Carpathia, que havia partido de Nova York para Gibraltar no dia 11 de
abril de 1912. Ele mudou seu curso imediatamente ao receber o primeiro
pedido de socorro, e se dirigiu diretamente ao local do acidente. Ele
levou quatro horas para chegar lá, apesar do capitão ter ordenado
imediatamente que o navio prosseguisse a toda velocidade.
Felizmente, o Carpathia, que costumava ficar lotado de imigrantes,
não estava carregado em sua capacidade máxima, e pôde socorrer todos os
sobreviventes do Titanic. Entre 4h14 e 8h30, 315 mulheres, 52 crianças e
126 homens, registrados como passageiros, e 210 membros da tripulação
foram trazidos a bordo. |
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